VAMOS FALAR DE DEPRESSÃO E ANSIEDADE

Ao falar de depressão, falamos de angústia. Uma verdadeira epidemia de angústia fóbica domina nossos dias atuais.
Alguns sintomas ou sinais do quadro depressivo: humor melancólico ao longo do dia, diminuição intensa do prazer nas atividades diárias, crise do prazer, crise na relação do indivíduo com o prazer, insônia, fadiga, sentimento de inferioridade, sentimento de culpa excessiva, falta de concentração, indecisão, ideias recorrentes de suicídios.
Uma questão importante é que a depressão atrapalha na relação do indivíduo com os outros e consigo mesmo.
Em psicanálise denominamos a depressão de neurose de angústia fóbica. A neurose é conflito. Conflito entre forças opostas. Conflito entre o que o indivíduo deseja e o que ele acredita que deveria desejar. A ideia que o indivíduo faz de si obsta a realização dos desejos. E esse conflito entre o que eu quero e o que eu deveria querer, alicerçado em um ideal, dá luz uma neurose.
Quanto mais o indivíduo se defende da sua ordem desejante, mais angústia surge desse conflito. O indivíduo se defende do que deseja pois se relaciona mal com quem é e com o que se deseja. Essa má relação com o desejo alimenta a angústia.
A apatia característica da depressão é o resultado do "cansaço" do ego ao operar defesas contra o próprio desejo.
A neurose é uma fuga para a doença. O indivíduo engatilha uma neurose para se abster de lidar com o problema. O sintoma é uma maneira do conflito se apresentar sem que o indivíduo tenha que olhar para a origem do conflito. Ele passa a se preocupar com o sintoma em si e não mais com a origem do sintoma. Assim vemos a neurose com a fuga do conflito para a doença.
As idealizações, ideias de si, criam uma fantasia de perfeição, que nunca poderá ser alcançada, mas gerará um afastamento cada vez maior daquilo que realmente se deseja. E quanto maior essa distância do indivíduo consigo mesmo, maior o sintoma, maior a angústia, maior a depressão. A verdade do indivíduo é a verdade do desejo.
Neurose é um "tenho que".
A maioria esmagadora nunca saberá responder o que deseja, o que quer. O indivíduo não tem consciência do próprio desejo. E essa é a reflexão que a psicanálise propõe. Ao falar de si, naturalmente fala-se dos desejos e aos poucos o reprimido vai tornando-se consciente.
A depressão é uma má relação com a ordem do desejo, que é de origem inconsciente. Na verdade ao falar de uma epidemia de ansiedade e depressão, estamos falando de uma epidemia de idealização. E na medida que o indivíduo se idealiza, ele se afasta da ordem do desejo.
O deprimido é um indivíduo preso pelas teias do processo civilizatório através da idealização.
A análise propõe uma aproximação à ordem do desejo. Ao saber o que se deseja e ao realizar a ordem do desejo, ocorre uma redução de sintomas depressivos.
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